segunda-feira, março 13, 2006

Obrigado... e adeus!

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Este blog está temporariamente inativo. Sim, resolvi virar gente grande do alto do meu 1,60m. Gostaria de agradecer a quem colaborou e a quem, pelo menos, chegou a dar uma passadinha por aqui. Um público que chegou a ser de 15 visitas diárias mas que com o tempo foram se tocando que há coisas melhores para se fazer na vida do que perder tempo com isso aqui.
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No entanto, agradeço as impressionantes 3 pessoas que continuam acessando diariamente esse espaço. Não sei se é na esperança de que o blog mude suas vidas dando a cura da Aids, se é por piedade ou por masoquismo mesmo. De todo modo, agradeço.
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Até agora foram exatos 4 meses e 1 dia de vida empenhados/desperdiçados nessa birosca. É pela falta de tempo e por pura preguiça mesmo, que deixo esse blog ao relento por tempo indeterminado. Este blog, por enquanto, falhou miserávelmente em seu objetivo de dominação mundial, mas nunca é tarde para se chegar ao poder. Afinal, eu sou brasileiro e não desisto nunca. Acredito que posso muito bem traçar novos planos para chegar ao topo. Talvez depois do jantar...
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Preciso de umas férias disso aqui. Pode ser que eu mude de idéia e ele volte a ser atualizado daqui a duas horas, duas semanas, dois anos... vai saber...
A resposta está soprando no vento.
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Até mais, que eu tenho mais o que fazer.

quinta-feira, março 02, 2006

Vai tomar no meio do seu cu!

Johnny Cash
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Com a palavra o Sr. Luís Fernando Veríssimo:
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Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo fazendo sua língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia. Sem que isso signifique a "vulgarização" do idioma, mas apenas sua maior aproximação com a gente simples das ruas e dos escritórios, seus sentimentos, suas emoções, seu jeito, sua índole.
"Pra caralho", por exemplo. Qual expressão traduz melhor a idéia de muita quantidade do que "Pra caralho"? "Pra caralho" tende ao infinito, é quase uma expressão matemática. A Via- Láctea tem estrelas pra caralho, o Sol é quente pra caralho, o universo é antigo pra caralho, eu gosto de cerveja pracaralho, entende? No gênero do "Pra caralho", mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso "Nem fodendo!". O "Não, não e não!", assim como o "Absolutamente Não" já soam sem nenhuma credibilidade. O "Nem fodendo" é irretorquível, e liquida o assunto. Te libera, com a consciência tranqüila, para outras atividades de maior interesse em sua vida. Aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo o carro pra ir surfar no litoral? Não perca tempo nem paciência. Solte logo um definitivo "Marquinhos, presta atenção, filho querido, NEM FODENDO!". O impertinente se manca na hora e vai pro Shopping se encontrar com a turma numa boa e você fecha os olhos e volta a curtir o CD do Caetano Veloso.
Por sua vez, o "porra nenhuma!" atendeu tão plenamente as situações onde nosso ego exigia não só a definição de uma negação, mas também o justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totalmente impossível imaginar que possamos viver sem ele em nosso cotidiano profissional. Como comentar a bravata daquele chefe idiota senão com um "é PhD porra nenhuma!", ou "ele redigiu aquele relatório sozinho porra nenhuma!". O "porra nenhuma", como vocês podem ver, nos provê sensações de incrível bem estar interior. É como se estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia pública de um canalha. Há outros palavrões igualmente clássicos. Pense na sonoridade de um "Puta-que-pariu!", ou seu correlato "Puta-que-o-pariu!", falados assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba. Diante de uma notícia irritante qualquer um "puta-que-o-pariu!" dito assim te coloca outra vez em seu eixo. Seus neurônios têm o devido tempo e clima para se reorganizar e sacar a atitude que lhe permitirá dar um merecido troco ou o safar de maiores dores de cabeça.
E o que dizer de nosso famoso "vai tomar no cu!"? E sua maravilhosa e reforçadora derivação "vai tomar no meio do seu cu!". Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável , se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta: "Chega! Vai tomar no meio do seu cu!". Pronto, você retomou as rédeas de sua vida, sua auto-estima. Desabotoa a camisa e sai à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios.
E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: "Fodeu!". E sua derivação mais avassaladora ainda: "Fodeu de vez!". Você conhece definição mais exata, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável deameaçadora complicação? Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em todo um providencial contexto interior de alerta e auto-defesa. Algo assim como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando você parar: O que você fala? "Fodeu de vez!". Sem contar que o nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de "foda-se!" que ela fala. Existe algo mais libertário do que o conceito do "foda-se!"?
O "foda-se!" aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas. Me liberta. "Não quer sair comigo? Então foda-se!". "Vai querer decidir essa merda sozinho(a) mesmo? Então foda- se!". O direito ao"foda-se!" deveria estar assegurado na Constituição Federal.

Liberdade, igualdade, fraternidade e Foda-se!.