sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Google TV?

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Não entendeu a pergunta? Calma, eu explico. Respira fundo e vem comigo.
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* No último dia 26 de Janeiro um carinha chamado Mark Erickson botou um vídeo no youtube revelando os segredos do suposto projeto secreto do gigante Google, o Google TV. O tal Mark diz que o Google está testando o serviço que permitiria a transmissão de programas das redes americanas ABC, NBC e Fox em alta definição direto no seu computador, gratuitamente.
Mark, esperto que só ele, conseguiu burlar o sistema e descobriu, antes de todo mundo, como assistir aos vídeos na versão beta do Google TV. No vídeo ele explica como fez isso: basta criar uma conta no Gmail, mandar um e-mail para si mesmo e depois ficar dando “log in” e “log out” até aparecer uma tv no logotipo do Google. Veja você mesmo:
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Depois disso, todo mundo começou a fazer o mesmo que Mark. Uns conseguiram, outros não. Teve gente dizendo que fez o procedimento 114 vezes para conseguir ver os vídeos. Muita gente também começou a acusar o cara de picareta, de que isso não existe etc e tal. Os vídeos realmente levantam suspeita. Não pela descoberta, mas sim pelo jeito como foi apresentado.
O tal Mark é um cara “certinho” demais. Cabelinho milimetricamente repartido, camisa impecável, e discurso totalmente didático. O típico estereotipo do nerd do século 21. Sem falar no vídeo em si. Tudo muito bem pensado, edição perfeita, cada objeto minuciosamente bem distribuído pelo ‘cenário’. Tudo pensado para parecer verdadeiro. Ou melhor, tudo pensado para se tornar – atenção – viral. Daqui a pouco eu falo mais disso.
Para ‘provar’ que de fato o Google Tv não é boato, Mark Erickson botou outro vídeo para não haver dúvidas de que ele diz a verdade.
Na mesma semana que Mark jogou a isca na internet, o Google (estranhamente) declarou que a Internet não foi planejada para ser televisão. Segundo a empresa, os milhões de computadores que fazem funcionar a Internet não são capazes de processar a quantidade de dados necessária para se distribuir conteúdo de TV em grande escala e alta qualidade. Pelo que dizem os engenheiros da empresa, a Internet jamais terá a qualidade de uma televisão – ainda mais agora, com a TV digital.
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* A questão que fica é: até que ponto o Google TV é verdade? Será mesmo que a internet não tem estrutura para virar tv como a empresa diz? Essa história ainda vai dar muito pano para a manga.
Quem acompanha este blog sabe que eu já falei, há tempos atrás, de sites que oferecem episódios de programas da tv americana gratuitamente. O problema de sites como o Ad Free TV, por exemplo, é que eles são organizados, mas não possibilitam que você assista a um episódio de ‘Lost’, pra citar um, de uma vez só. Às vezes um único episódio está dividido em sete partes.
Se o Google Tv vier pra valer (se é que já não veio), o Google se tornará uma das mais influentes e importantes empresas deste século sem falar que será um dos maiores controladores de mídia do mundo. Pensa: é detentora do portal de busca mais utilizado do mundo (sabe cada passo que você dá na web), já tomou o youtube pra si (ou seja, tem nas mãos o que as “pessoas normais” produzem), tem acordo com as maiores redes de tv do mundo (ou seja, tem nas mãos o que as grandes redes produzem), só faltará mesmo é gerar conteúdo próprio. É questão de tempo. Duvida? Eu não.
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Viral
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Dando uma pesquisada rápida na internet descobri o fenômeno que chamam de “marketing viral”. Diz que o tal fenômeno é o que, hoje em dia, onze em cada dez publicitários tentam conseguir para seus clientes.
É o seguinte: uma empresa cria uma campanha publicitária e, então, joga na web com a intenção de criar um zum zum zum no mercado. Depois é só esperar o monstro crescer.
Essa tática tomou fôlego há alguns anos atrás quando a Virgin Radio criou a campanha “Exercise your music muscle”, lembra disso? Trata-se de uma campanha que codificava o nome de 75 bandas numa figura. As pessoas passavam horas tentando descobrir que bandas estavam no desenho. Daí fulano mostrava pra beltrano que mostrava pra cicrano... Pronto. Tava feito o estrago.
Podem-se citar como exemplos os vídeos “Tapa na Pantera” ou então o “Faking Of” da banda Moptop (documentário sobre as gravações do disco de estréia da banda que mistura realidade e ficção) como exemplos recentes deste fenômeno.
A idéia é criar um hype monstruoso através da “mídia espontânea” (blogs, fotologs, troca de e-mails, etc). Tudo é muito bem pensado e estudado, mas tem de dar a impressão que foi sem querer, sabe?
A febre tá tão grande que já existe até o Pornô Marketing, ou seja, explorar o marketing viral através de fotos pornôs amadoras. Tipo você entra num site pornô do tipo “fotos amadoras”. Daí tem um casalzinho no rala-e-rola na cozinha. Enquanto isso, no fundo da imagem aparece uma George Foreman Grill. Sacou a propaganda? Tá bom, foi um exemplo tosco mas você entendeu, né?
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Exemplo de porno marketing viral para divulgar o iPod
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Se voltarmos no tempo pode-se dizer que o primeiro “viral” da história foi criado por Orson Welles quando ele fez uma leitura de "Guerra dos mundos" (de H.G. Wells) no rádio, apavorando os ouvintes.
É o marketing sendo adaptado aos tempos modernos, meus amigos. E o pior é que ninguém sabe onde isso vai parar. Se parar.

terça-feira, fevereiro 20, 2007

England Rocks!

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Que a Inglaterra é o país mais roqueiro do mundo ninguém duvida. Afinal, eles têm as maiores e melhores bandas, os melhores festivais, as melhores rádios e talvez o povo mais apaixonado pelo estilo no mundo. Se você tem uma banda de rock e quer ficar mundialmente famoso: vá para a Inglaterra!
Até aí, nenhuma novidade. O que me espanta é que um país tão desenvolvido (está no top 5 das maiores economias do mundo) e que recebe milhões de turistas por ano (mesmo que não tenha lá tantos pontos turísticos quanto o Brasil, supera, sem muito esforço, o número de visitantes que vêm para cá, por exemplo) não tenha se atentado para o poder turístico do rock para a ilha. Basta fazer uma rápida pesquisa durante os festivais de verão para saber que muita gente sai de países vizinhos, ou até mesmo de países distantes como o Brasil para curtirem as centenas de bandas que se apresentam em festivais como Glastonbury e Reading, para ficar apenas nos dois mais famosos.
Isso, é claro, sem falar nos roqueiros do mundo inteiro que fazem peregrinação aos lendários estúdios Abbey Road em Londres ou à Liverpool tentando compartilhar um pouco de lugares que fizeram parte da vida de uma certa banda de quatro rapazes.
Pois parece que só agora os britânicos se atentaram para esta veia turística do rock e resolveram explorar isso de forma séria. É que a agência VisitBritain começou a fazer o mapa do rock britânico. A exemplo do que já acontece há tempos com escritores famosos, partir de agora quem visitar a terra da rainha terá como opção de pacote turístico o passeio por lugares que ficaram mundialmente famosos por causa de roqueiros, capas de discos, músicas etc. Se antes você já podia visitar lugares como a casa onde Oscar Wilde ou Shakespeare moraram, ou então onde Jack o Estripador matou suas vítimas, agora você poderá visitar a casa em que John Lennon morou na adolescência, ou então o apartamento que Jimi Hendrix viveu e morreu em Londres. No site England Rocks dá para saber exatamente onde fica tal lugar, que tipo de ônibus pegar e até um pouco da história do local.
No total são quase duzentas placas indicativas direcionando o turista a lugares clássicos do rock por todo o Reino Unido.
Abaixo alguns deles:
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Abbey Road, Londres - todo roqueiro que se preze tem que dar uma passadinha por lá. Ddá para ir aos famosos estúdios onde os Beatles gravaram seus clássicos e tentar recriar a famosa foto na faixa de pedestres.
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Berwick Street , Londres – Foi aqui que foi tirada a foto do clássico "What’s The Story (Morning Glory)", segundo disco do Oasis.
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Pentonville Prision, Londres – foi aqui que Pete Doherty foi mandado inúmeras vezes depois de ser pego pela polícia usando drogas
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Marc Bolan estourou seu carro neste local, em Bernes, e morreu na hora. A árvore onde ele bateu se tornou “o point” para fãs do T-Rex prestarem suas homenagens ao vocalista.
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Waterloo Bridge, Londres – Ray Davies estava olhando para o pôr do sol nesta ponte quando escreveu “Waterllo Sunset”, clássico dos Kinks.
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Salford Lads Club, Manchester – Foi aqui que foi tirada a famosa foto dos Smiths que ilustra o álbum “The Queen is Dead”.

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Sai da internet e vai ler um disco

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Não sei se isso já aconteceu com você, mas comigo já. Sabe quando você está ouvindo uma música e começa a passar um filminho na sua cabeça? Pois bem, eu já tive a capacidade de imaginar filmes (clipes, na verdade) de músicas sem nem mesmo ter visto o clipe original da música em questão. Muitas vezes ela nem tinha clipe. Algumas músicas dão verdadeiras histórias. Já parou pra pensar que dava pra fazer um filme baseado em algumas músicas dos Smiths, por exemplo? Que filme daria pra fazer com "Ouro de Tolo" do Raul Seixas? E com as músicas do Bob Dylan?
Li em algum lugar que estão preparando um filme baseado em "Faroeste Caboclo" da Legião Urbana. Daria pra fazer grandes filmes baseados em algumas músicas, isto é fato. Mas e se as músicas virassem livro?
Pensando nisso a revista Speculum criou a coleção Mojo Books que consiste em converter um disco em literatura. Pode parecer interessante, mas também pode ser uma tarefa ingrata transformar um clássico cheio de nuances como "Revolver" dos Beatles em páginas e mais páginas. A tarefa fica a cargo de jornalistas, "entendedores do assunto", ou apenas amantes da boa música.
Já foram lançados, além do "Revolver", discos como "In It For The Money" do Supergrass, "Doolitle" dos Pixies (assinado pelo jornalista Marcelo Costa do Scream & Yell) e "Thriller" do Michael Jackson (assinado por Rodrigo James do programa Alto Falante) , por exemplo. O mais legal de tudo é que os livros podem ser baixados gratuitamente no site da Mojo Books e depois podem ser impressos de modo a caber numa caixinha de cds.
Nas próximas edições estão previstos os discos "The Life Pursuit" do Belle & Sebastian, "Transformer" do Lou Reed, "Racional" do Tim Maia e "Pet Sounds" dos Beach Boys (assinado por Hélio Flanders, vocalista do Vanguart) só pra citar alguns.
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Músicas Novas
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Duas músiquinhas excelentes que surgiram na net esta semana.
A primeira é "My Idea of Fun", a nova do Stooges com Iggy Pop dando o mesmo esporro de sempre mostrando como se faz rock. Um soco no estômago no rock careta que certas bandas andam fazendo por aí. "My idea of fun is killing everyone", ele grita.
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A segunda é "The World Was a Mess but His Hair Was Perfect", a nova do The Rakes. Já o melhor título de música deste ano.
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segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Por eles boto minha mão no fogo

Howling Bells
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Banda australiana de Sydney radicada em Londres que já teve seu som rotulado como alt. country. A banda é formada por Juanita Stein (vocais/guitarra), Joel Stein (guitarra), Brendan Picchio (baixo) & Glenn Moule (bateria) e começou com o nome de Waikiki e depois mudaram, acertadamente, para Howling Bells. Na verdade de alt country eles têm muito pouco. Seria mais correto dizer que a banda faz um som que ora lembra PJ Harvey, ora a sujeira de bandas como Black Rebel Motorcycle Club, ora o clima meio viajandão do Radiohead. Tudo isso permeado pelas lindas melodias disparadas pela voz doce de Juanita. Ela, aliás, é um dos grandes trunfos da banda, pois além da beleza (física e vocal) ainda dá certa aura cool à banda. Lançaram seu auto-intitulado álbum de estréia em maio do ano passado, mas começaram a se destacar na cena alternativa do fim do ano pra cá depois que fizeram uma extensa turnê como banda de abertura do Placebo. Atualmente excursionam com o Snow Patrol e já são apontados como uma das bandas que vão dar o que falar em 2007. O disco é recheado de excelentes músicas como, por exemplo, “Setting Sun”, “Blessed Night”, “I’m not Afraid” e “Velvet Girl”. Sem falar, é claro, no hit instantâneo “Low Hapenning”, candidata a umas das melhores músicas de 2007. O Howling Bells é umas das bandas que não paro de ouvir de uns tempos pra cá (o Last.fm está aí e não me deixa mentir) e aposto todas as minhas fichas neles neste ano. Banda muito acima da média.

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Vídeo de "Setting Sun"
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The Noisettes
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Trio de Londres formado por Shingai Shoniwa (baixo/ vocais), Dan Smith (guitarra) e Jamie Morrison (bateria) que faz um som enérgico baseado em Jimi Hendrix e White Stripes com uma pitada de soul music. Lançam seu disco de estréia chamado “What's the Time Mr. Wolf” exatamente hoje dia 5 de fevereiro. O disco vem recheado de petardos de dar inveja em muita banda nova por aí. Impossível ouvir músicas como “Sister Rosetta”, Don’t Give up”, “Scratch Your Name”, “Signs” ou “Malice In Wonderland” e não sentir vontado de sair pulando por aí.
Eles são conhecidos por fazerem shows explosivos o que lhes rendeu uma turnê como banda de abertura do Muse. Agora no fim de Março eles embarcam numa turnê pelos EUA ao lado do Tv On The Radio. Fraco, né?
A vocalista é a força motriz da banda e possui uma voz belíssima cheio de suíngue negro. Ela até já foi comparada a Billie Holiday. Além da bela voz, ela parece encarnar o capeta em cima do palco. São freqüentes os shows onde ela termina esparramada em cima do kit de bateria, em cima dos amplificadores ou então arranjando treta com os seguranças. É o tipo mulher com colhões, sabe? Aliás já reparou como as mulheres simplesmente começaram a dominar o rock ultimamente? Elas estão tocando bateria, baixo, guitarra, sendo a band leader. É o gilr power voltando com tudo. Que beleza.
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Vídeo de "Don't Give Up"
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